domingo, 6 de dezembro de 2015


José de Alencar

José Martiniano de Alencar (Messejana1 de maio de 1829 — Rio de Janeiro12 de dezembro de 1877) foi um escritor brasileiro. Formou-se em Direito, iniciando-se na atividade literária no Correio Mercantil e noDiário do Rio de Janeiro. Foi casado com Georgiana Augusta Cochrane (1846-1913), sendo pai do embaixador Augusto Cochrane de Alencar. Era filho do senador José Martiniano Pereira de Alencar e de D. Ana Josefina de Alencar, sendo irmão do barão de Alencar. Era também sobrinho de Tristão Gonçalves e neto de Bárbara de Alencar. Seu pai também era primo-irmão do barão de Exu.

Vida e obra


Nasceu em 1829 em Messejana, que à época de seu nascimento gozada do status de município, tendo perdido tal categoria em 1921 integrando como um bairro à cidade de Fortaleza, Ceará. Sete anos antes, em 1822, após a Proclamação da Independência, D. Pedro I se torna imperador do Brasil. Dois anos após o seu nascimento, em 1831, D. Pedro I, cedendo a pressões internas e externas, abdica em favor do filho e retorna para Portugal. É nesse cenário político de disputas pelo poder que o jovem escritor crescerá acompanhando o pai que seria senador e, posteriormente, governador do estado do Ceará.
A transferiu-se para a capital do Império do BrasilRio de Janeiro, e José de Alencar, então com onze anos, foi matriculado no Colégio de Instrução Elementar. Em 1844, matriculou-se nos cursos preparatórios àFaculdade de Direito de São Paulo, começando o curso de direito em 1846. Fundou, na época, a revista Ensaios Literários, onde publicou o artigo questões de estilo. Formou-se em direito, em 1850, e, em 1854 estreou como folhetinista no Correio Mercantil. Em 1856 publicou o primeiro romance, Cinco Minutos, seguido de A Viuvinha em 1857. Mas é com O Guarani em 1857 que alcançou notoriedade. Estes romances foram publicados todos em jornais e só depois em livros.
José de Alencar foi mais longe nos romances que completam a trilogia indigenista: Iracema (1865) e Ubirajara (1874). O primeiro, epopeia sobre a origem do Ceará, tem como personagem principal a índia Iracema, a "virgem dos lábios de mel" e "cabelos tão escuros como a asa da graúna". O segundo tem por personagem Ubirajara, valente guerreiro indígena que durante a história cresce em direção à maturidade.
Em 1859 tornou-se chefe da Secretaria do Ministério da Justiça, sendo depois consultor do mesmo. Em 1860 ingressou na política, como deputado estadual no Ceará, sempre militando pelo Partido Conservador (Brasil Império). Em 1868 tornou-se ministro da Justiça, ocupando o cargo até janeiro de 1870. Em 1869 candidatou-se ao senado do Império, tendo o Imperador D. Pedro II do Brasil não o escolhido por ser muito jovem ainda.
Em 1872 se tornou pai de Mário de Alencar, o qual, segundo uma história nunca confirmada, poderia ser na verdade filho de Machado de Assis, o que para alguns daria respaldo para o enredo principal do romance Dom Casmurro. Viajou para a Europa em 1877, para tentar um tratamento médico, porém não teve sucesso. Faleceu no Rio de Janeiro no mesmo ano, vitimado pela tuberculose. Machado de Assis, que esteve no velório de Alencar, impressionou-se com a pobreza em que a família Alencar vivia. Encontra-se sepultado no Cemitério de São João Batista no Rio de Janeiro.
Produziu também romances urbanos (Senhora, 1875; Encarnação, escrito em 1877, ano de sua morte e divulgado em 1893), regionalistas (O Gaúcho, 1870; O Sertanejo, 1875) e históricos (Guerra dos Mascates, 1873), além de peças para o teatro. Uma característica marcante de sua obra é o nacionalismo, tanto nos temas quanto nas inovações no uso da língua portuguesa. Em um momento de consolidação da Independência, Alencar representou um dos mais sinceros esforços patrióticos em povoar o Brasil com conhecimento e cultura próprios, em construir novos caminhos para a literatura no país. Em sua homenagem foi erguida uma estátua no Rio de Janeiro e um teatro em Fortaleza chamado "Teatro José de Alencar".
Praça José de Alencar e a estação José de Alencar da Linha Sul do metrô de Fortaleza são homenagens da sua cidade natal.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Chico Buarque

                                   EU TE AMO



"Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir

Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir


Se nós, nas travessuras das noites eternas 
Já confundimos tanto as nossas pernas 
Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão 
Se na bagunça do teu coração 
Meu sangue errou de veia e se perdeu

Como, se na desordem do armário embutido 
Meu paletó enlaça o teu vestido 
E o meu sapato inda pisa no teu

Como, se nos amamos feito dois pagãos 
Teus seios inda estão nas minhas mãos 
Me explica com que cara eu vou sair

Não, acho que estás só fazendo de conta 
Te dei meus olhos pra tomares conta 
Agora conta como hei de partir

Chico Buarque

Gregório de Matos Guerra -Poema

 A Jesus Cristo Nosso Senhor

Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,

Da vossa piedade me despido,

Porque quanto mais tenho delinqüido,

Vos tenho a perdoar mais empenhado.


Se basta a vos irar tanto um pecado,

A abrandar-nos sobeja um só gemido,

Que a mesma culpa, que vos há ofendido,

Vos tem para o perdão lisonjeado.


Se uma ovelha perdida, e já cobrada

Glória tal, e prazer tão repentino

vos deu, como afirmais na Sacra História:


Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada

Cobrai-a, e não queirais, Pastor divino,

Perder na vossa ovelha a vossa glória.

Leonardo da Vinci - Poema

A Árvore e a Vara

Uma árvore que crescia lindamente, erguendo em direção ao céu sua copa de tenras folhas, reclamou da presença de uma vara de madeira velha e seca que estava ao seu lado.

- Vara, você está perto demais de mim. Não pode chegar mais para lá?

A vara fingiu nada ouvir e não deu resposta.

Em seguida a árvore virou-se para a cerca de espinhos que a circundava.

- Cerca, você não pode ir para outro lugar? Você me irrita.

A cerca fingiu nada ouvir e não deu resposta.

- Linda árvore – disse um lagarto, levantando sua sábia cabecinha para olhar para a árvore – você não vê que a vara está mantendo você reta? Não percebe que a cerca está protegendo você contra as más companhias?

Leonardo da Vinci

Poema de Willian Shakespeare

                 Soneto 23

Como no palco o ator que é imperfeito
Faz mal o seu papel só por temor,
Ou quem, por ter repleto de ódio o peito
Vê o coração quebrar-se num tremor,

Em mim, por timidez, fica omitido
O rito mais solene da paixão;
E o meu amor eu vejo enfraquecido,
Vergado pela própria dimensão.

Seja meu livro então minha eloqüência,
Arauto mudo do que diz meu peito,
Que implora amor e busca recompensa

Mais que a língua que mais o tenha feito.
Saiba ler o que escreve o amor calado:
Ouvir com os olhos é do amor o fado.

William Shakespeare

Tarsila do Amaral

A lua - Tarsila do Amaral
Poesia da obra de Tarsila do Amaral - A lua

(...) passo, passos, olhos, vejo
paro, perco, ao longe, avisto
entre o espaço me separo
na arquibancada deste Astro
após pretenso azul riacho,
nada mais senão o vasto
que não vejo além do pasto,
lar dos carneirinhos
destino pós sono
quando finda a contagem
da cerca salto a salto,
no outro lado, se escondem,
na meia Lua de Tarsila
do acaso ao seu planalto

Eduardo Lazaro